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Morreu Pedro Barroso aos 69 anos

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Morreu Pedro Barroso, “poeta e artesão de canções” e autor de “Menina dos olhos d’água”. Tinha 69 anos

O cantor e compositor começou por revelar-se no programa Zip-Zip, da RTP. Gravou singles, mais de 20 álbuns e temas como “Menina dos olhos d’água”. Dizia: “Sou um poeta de canções”.

(Noticia Observador)

Morreu na madrugada de esta terça-feira o músico e cantor português Pedro Barroso. Tinha 69 anos e morreu vítima de doença. A informação foi confirmada pelo seu filho, Nuno Barroso — também ele músico —, à Agência Lusa.

á cerca de três meses, o músico e cantor tinha revelado em entrevista à Agência Lusa: “A condição física, após mais um ano de tratamentos médicos, impede-me de tocar; e, mesmo na parte de canto, canso-me ao fim de minutos”. Posteriormente, há apenas uma semana, o filho de Pedro, Nuno Barroso, comunicou na sua conta de Facebook que o pai tinha sido internado na unidade de cuidados paliativos do Hospital da Luz, “devido a ter entrado num processo de fase terminal da doença”.

Com carreira iniciada nos anos 1960, Pedro Barroso começou por revelar-se como músico e cantor no programa Zip-Zip, da RTP, acompanhado por Pedro Caldeira Cabral (guitarra portuguesa) e Pedro Alvim (viola), tendo prosseguido nas décadas seguintes com gravação de álbuns (mais de 20 editados ao longo da vida) e singles. Um dos seus temas mais conhecidos era ““Menina dos olhos d’água”, revelado em 1987. Barroso atuou ainda em mais de uma dezena de países, tendo sido distinguido com a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

O Zip-Zip no começo, os muitos discos e “Menina dos Olhos d’Água
Nascido a 28 de novembro de 1950, Pedro Barroso foi ainda professor de educação física durante mais de duas décadas, aliando essa atividade profissional à música.

Tendo trabalhado, ainda adolescente, na rádio — e mais tarde passou pelo teatro, nomeadamente pelo grupo Teatro Experimental de Cascais, e ainda pela pintura e literatura, publicando e pintando —, Pedro Barroso começou por revelar-se enquanto artista com apenas 19 anos, quando apareceu no popular programa Zip-Zip, da RTP.

Logo no começo dos anos 70, no primeiro ano dessa década, editou o primeiro disco, um mini-álbum (EP) chamado Trova-dor. O primeiro álbum completo só chegaria já na segunda metade da década da década, em 1976 — dois anos depois do 25 de abril —, com o título Lutas Velhas, Canto Novo. Antes, não escondera a oposição ao Estado Novo e ao regime salazarista, tendo participado na fase pós-revolução na Campanhas de Dinamização Cultural do Movimento das Forças Armadas (MFA), dando concertos por todo o país.

A edição de discos e gravação de canções manteve-se sem grandes intermitências da segunda metade dos anos 1970 em diante. Nos anos 1980, por exemplo, Pedro Barroso gravou a canção “Menina dos Olhos d’Água”, que incluiu no álbum que editou em 1987, Roupas de Pátria Roupas de Mulher.

“Sou um poeta de canções, um artesão de canções”
Há dez anos, em entrevista ao site Música Portuguesa, Pedro Barroso resumia os seus então 40 anos de carreira: “São 40 anos de emoções e de luta por um país mais culto. Investimento muito em autoestradas, mas muito pouco em cultura e às vezes é mais importante um artista em cima do palco uma hora do que um embaixador a vida inteira”.

Na mesma entrevista de 2009, Pedro Barroso defendia não ser por natureza um autor de música popular — simplesmente “durante anos era forçado pelas editoras a fazê-la e fazia” — e criticava a música dessa época: “As canções têm de ter uma intenção e hoje não significam nada. Fazem-se só para vender. Eu procuro fazer coisas que fiquem. Recuso-me a fazer letras. Durante algum tempo fi-la, mas agora faço poemas para canções. Sou cada vez mais um poeta de canções. O que faço está para o mainstream como a gastronomia está para o fast-food. É artesanato, eu sou um artesão de canções”.

Na Enciclopédia da Música Portuguesa do Século XX, a sua obra é assim descrita: ”Nas suas canções destaca-se a conjugação entre o texto e a música, característica potenciada pela sua interpretação centrada na enunciação clara dos sentidos da letra, utilizando pouca ornamentação e um ataque forte das notas e palavras-chave”.

Já à Agência Lusa, dez anos depois, em 2019, falou das “gratas recordações” e do “mundo de abraços” deixados pelo seu percurso na música. Sem as canções, lembrou, “não tinha conhecido mundo”.

Marcelo recorda “baladeiro” que também se envolveu “nos combates democráticos”

Também o Presidente da República emitiu uma nota em que lamenta a morte do músico português. Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Barroso foi “ativo, interventivo e enérgico”, tendo sido também “um dos ‘baladeiros’ antes da Revolução” e, já no pós-25 de Abril, um homem que se envolveu “nos combates democráticos e nas campanhas de dinamização cultural”.
O Presidente evoca ainda, em mensagem publicada no site da Presidência da República, o último concerto do artista, em dezembro de 2019, em Torres Novas. “Pedro Barroso lembrou o que hoje lembramos: a sua voz, o seu empenho, a sua violentíssima ternura“.