Filho de pais Cabo Verdianos, Carlos Nobre Neves nasceu em Angola, tendo viajado para Portugal no mesmo ano do seu nascimento, 1975. Sob o pseudónimo “Pacman”, entre 1993 e 2009 foi um dos vocalistas e o principal letrista dos “Da Weasel”, a mítica banda de Almada. Nos anos noventa escreveu sobre música para o jornal “Blitz” e na década de 2000 assinou crónicas na revista “Domingo” do “Correio Da Manhã”, vindo mais tarde a ser responsável pela coluna “A Impossibilidade Das Mulheres” que transitou da revista “Playboy” para a congénere “GQ”. Após o termino dos “Da Weasel” gravou dois discos com “Os Dias De Raiva” (em 2010 e 2011), banda trash/hardcore, e logo a seguir embarcou no projecto “Algodão”, viagem intimista onde a música serviu de pouco mais do que suporte para textos de cariz bastante pessoal, quase sempre ditos. Com “Algodão” gravou também dois discos, em 2011 e 2012. No final de 2013 entra em estúdio com Fred Ferreira e Regula, e, sob o seu nome de sempre – Carlão – grava o disco “5-30” que é editado em 2014 e marca um regresso a sonoridades mais próximas do Hip-Hop e daquilo que tinha feito com os “Da Weasel”, ao mesmo tempo que devolve a sua voz ao circuito de concertos em palcos grandes. Nesse mesmo ano começa a gravar “Esquadrão Do Amor”, programa televisivo do Canal Q criado e apresentado por Ana Markl, onde faz parte do painel de comentadores juntamente com Cláudio Ramos e São José Correia (posteriormente substituída por Marta Bateira). Em 2015, ano em que completa quarenta anos de idade, Carlão edita um álbum em nome próprio justamente intitulado “Quarenta”, e o sucesso do primeiro single “Os Tais”, bastante tocado pelas rádios mais ouvidas do país, torna-o imediatamente requisitado para uma intensa agenda de concertos. No primeiro trimestre de 2016 lança (em edição digital) o EP “Na Batalha” com o tema-título com single, sendo este o mote para a sua digressão nesse ano. Juntamente com Boss Ac criou o tema-genérico do programa de cariz sociológico “E Se Fosse Consigo”, da autoria de Conceição Lino que estreou no mês de Abril no canal televisivo SIC e foi líder de audiências, tendo granjeado vários prémios e menções honrosas na comunicação social. Em Setembro de 2018 editará o álbum “Entrenimento?”, com participações de António Zambujo, Manel Cruz e Slow J, entre outros no alinhamento, que também conta com três singles anteriormente lançados: “Agulha No Palheiro” e “Viver Pra Sempre” e “Contigo”. (in bandsintown.com)
Ex-Da Weasel regressou com um novo álbum na semana passada. Em entrevista à BLITZ, Carlão explica o título do segundo longa-duração em nome próprio: “Entretenimento?”
(in Blitz)
“Entretenimento?”, o segundo álbum em nome próprio de Carlão, chegou às lojas na semana passada e a BLITZ falou com o músico sobre aquilo que significa o título deste novo registo. “Há aqui várias camadas neste ‘entretenimento’, nesta questão do entretenimento”, começa por dizer, antes de defender que já ultrapassámos “todos os limites expectáveis do que deveria ser entretenimento”.
“A vida real de uma pessoa é entretenimento, o [Donald] Trump é entretenimento… Tantas coisas que aparentemente não são entretenimento mas já são tratadas como tal”, acrescenta o ex-Da Weasel. Carlão atua no próximo domingo no Festival Imintente, em Lisboa, e no próximo dia 29 no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada.
Veja acima um excerto da entrevista e siga o link para ver a participação do músico no Em Estreia da passada sexta-feira.
Carlão – Viver Pra Sempre
Carlão, Entrevista, Sobre o novo Álbum Entretenimento 2018
Carlão – Os tais
Carlão – Na Batalha
Entrevista ao Sol em 2011
“(… )carlos nobre nasceu em angola, mas é filho de cabo-verdianos, e com apenas alguns meses foi viver para Almada. segundo o cantor, na sua adolescência «não havia grande coisa para fazer» naquela cidade. o «pessoal da escola e da rua» acabou por formar muitas bandas e ele não ficou de fora. o irmão mais velho, conhecido por jay jay nos da weasel, teve muita influência no seu gosto pela música. juntos formaram várias bandas, entre as quais os esborr, de música hardcore, e o incesto. mas foi em 1993, com os da weasel, que deu o primeiro passo para a fama. aí percebeu que era da música que queria viver. «se calhar fui percebendo que não conseguia fazer outras coisas. só completei o ensino secundário aos 23 anos, e à noite, porque já dava concertos».
o primeiro álbum que o marcou foi thriller, de michael jackson, mas quando era novo tanto ouvia led zeppelin e prince, assim como metal, punk hardcore e hip-hop. «é um apanhado desta música toda que ainda ouço hoje em dia. também ouço muita música clássica e algum jazz. agora o meu disco do momento é o winterreise, do schubert».
na opinião de carlos ainda não se dá muito valor à música portuguesa. «muitas vezes dizem que a maior parte da música portuguesa é má. mas tem que encontrar espaço para evoluir e não ser barrada logo à partida. esta fornada de pessoas que estão a fazer música em português é a prova de que as pessoas gostam». quanto aos fãs, confessa que já houve desde propostas decentes, indecentes e até perseguições. mas, curiosamente, a situação mais hilariante não foi com um fã. «estava em almada a levantar dinheiro e ao mesmo tempo a falar ao telemóvel. vi que estava uma mãe com dois miúdos atrás de mim. tirei o dinheiro do mb e segui. depois um dos miúdos veio atrás de mim com um papel – o que acontece muito – e eu disse: ‘desculpa mas não tenho caneta’. ele vira-se e diz: ‘é o talão do mb’».
carlos assume-se egoísta. diz que tem «medo de perder o medo» e que «se não fosse músico seria infeliz». chama-lhe pacman e Carlão, mas acha que cada vez menos precisa de alcunhas. «esta loucura não precisa de ser compartimentada». Carlos não se fica pelo algodão e confidencia já ter mais projectos na manga: um álbum de música infantil e, quiçá, fazer uma música nova para o clube do seu coração, o Benfica.”