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28 Novembro, 2017

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Biografia

Fernando Maurício

Fado

Um dos maiores símbolos do Fado castiço, Fernando Maurício nasceu na Rua do Capelão, no coração do tradicional Bairro da Mouraria, em Lisboa. De uma família centenária deste bairro, com apenas oito anos começou a cantar numa taberna da rua onde morava, “O Chico da Severa”[2]. Em 1947 ficou em terceiro lugar no concurso “João Maria dos Anjos”, organizado no Café Latino, e participou na Marcha Infantil da Mouraria, interpretando o papel do Conde de Vimioso.

Tendo abandonado a escola antes de finalizar a instrução primária, o pai mandou-o aprender o ofício de sapateiro, onde Fernando Maurício passava o tempo a estudar as letras de fado. Seria o seu próprio patrão a incentivá-lo a dedicar-se à carreira de fadista. Durante um período de três anos, aos fins-de-semana, cantou em locais como o “Café Latino”, o “Retiro dos Marialvas”, o “Vera Cruz” ou o “Casablanca”, ao Parque Mayer. Aos 17 anos interrompe a actividade a que voltaria apenas em 1954, no conhecido “Café Luso”. Atuou depois em outras casas como a “Adega Machado” e “O Faia”.

Nos anos 60 e 70 passou pela “Nau Catrineta”, a “Kaverna”, o “Poeta”, a “Taverna d’El Rey” e, novamente, o “Café Luso”. Estas casas conquistaram novos públicos com as suas atuações e Fernando Maurício, reconhecido pela autenticidade com que interpretava o fado, passou a ser apelidado de “Rei do Fado”. Em 1969 recebeu o “Prémio da Imprensa”. É do mesmo período a sua dupla com Francisco Martinho, com quem partilhou muitas noites de fado na “Adega Mesquita”, cantando com êxito à desgarrada e a solo.

O disco De Corpo e Alma sou Fadista foi editado em 1984 pela Movieplay. Fernando Maurício recebeu os Prémios Prestígio e de Carreira da Casa da Imprensa em 1985 e 1986. Em 1989, Amália descerrou na rua onde Maurício nasceu duas lápides evocativas das vozes do fado emblemáticas deste bairro: Maria Severa Onofriana e Fernando da Silva Maurício.

Em 1991 integra o elenco de “Os Ferreiras” deixando escola, ajudando a desenvolver grandes nomes do Fado actual como por exemplo, Ricardo Ribeiro, Raquel Tavares, Miguel Ramos, Diogo Rocha, Pedro Galveias, Mariza, Ana Maurício, entre outros, criando um mito eterno de uma das grandes referência do Fado.

A Câmara Municipal de Lisboa assinalou, em 1994, as bodas de ouro artísticas de Fernando Maurício no Teatro São Luiz.

Em 2001 foi publicada a sua biografia O Fado É o meu Bairro da autoria de Sara Pereira.

Fernando Maurício faleceu em Lisboa no dia 15 de Julho de 2003.

Em 2004 foi lançada a compilação Saudade de Fernando Maurício – Antologia 1961-1995.

O realizador e produtor Diogo Varela Silva realizou o documentário O Rei Sem Coroa, um trabalho que também retrata o que foi a Lisboa popular entre os anos 30 e 80 do século XX.

Detentor de uma voz genuína e arreigado às suas raízes lisboetas, é considerado por muitos conhecedores da especialidade como o maior fadista da sua geração. São vários os fados que celebrizou entre eles a “Igreja de Santo Estêvão”, com composição de Gabriel Oliveira e Joaquim Campos.

(in wikipedia)

Fernando Maurício - Igreja de Santo Estêvão 1996

Fernando Mauricio - Boa noite Solidão

Fernando Maurício e Francisco Martinho, Fados e Desgarradas - Lucinda Camareira

Fado desgarrada, Fernando Mauricio & Francisco Martinho- O Leilão

FERNANDO MAURICIO - FUI DE VIELA EM VIELA

Fernando Maurício - Meia Noite

Fernando Maurício - Fui Dizer-te Adeus ao Cais - 1982

Fernando Maurício - Chuva

Fado Varela

Fernando Maurício - Não te menti

Fernando Mauricío - Um Copo Mais Um Copo

Fado Zé Negro

Escrevi Teu Nome no Vento · Fernando Maurício

DISCOGRAFIA
(incompleta)

Fados (LP, Interdisco)

Terra Irada (LP, Stereomundo, 1982 )

De Corpo e Alma Sou Fadista (Movieplay, 1984)

É Fado (LP, Metro-Som)

Testamento Fadista (LP, Metro-Som, 1987)

Fado É Condão (CD, Ovação, 1994)

Tantos Fados Deu-me a Vida (CD, Discossete, 1995)

Os 21 Fados do Rei (CD, Metro-Som, 1997)

O Melhor dos Melhores (CD, Movieplay, 1997)

Clássicos da Renascença (CD, Movieplay 2000)

Saudade de Fernando Maurício – Antologia 1961-1995 (2CD, Movieplay, 2004)

Fado (CD, CNM, 2009)

Fernando da Silva Maurício nasceu em Lisboa na Rua do Capelão, em pleno coração da Mouraria em 21 de Novembro de 1933. Oriundo de uma família centenária naquele bairro, com apenas oito anos de idade cantava já numa taberna da sua rua, o Chico da Severa, onde se reuniam os fadistas que regressavam das festas de beneficiência, então frequentes, onde participavam graciosamente. Desses tempos idos da infância recorda com saudade as fugas de casa de seus pais, nas madrugadas em que “abria o ferrolho, abria a porta pela surdina e ia para a taberna. Eles (os artistas) iam para ali matar o bicho e de vez em quando tocavam ali um fadinho. Eu tinha uma paixão pela guitarra. Era uma loucura. Punham-me em cima de uma pipa e eu começava para ali a cantar…parecia um papagaio…” Em 1947, com apenas 13 anos de idade, trabalhava já como manufactor de calçado e cantava em associações de recreio quando se organizou, no “Café Latino” o concurso de Fados “João Maria dos Anjos”. Depois de obter um meritório 3º lugar iniciaria, nessa época, com uma autorização especial da Inspecção dos Espectáculos, a sua carreira profissional. Em 29 de Junho do mesmo ano, participa já na Marcha Infantil da Mouraria representando o Conde Vimioso com Clotilde Monteiro no papel de Severa. Foi então contratado pelo empresário José Miguel para actuar aos fins-de-semana nas casas que ele, por essa altura explorava, designadamente o “Café Latino”, o “Retiro dos Marialvas”, o “Vera Cruz” e o “Casablanca” no Parque Mayer. Depois de profissionalizado cantou, nos anos 50 no “Café Luso”, no Bairro Alto, na “Adega Machado” e na casa típica “O Faia”. Nos anos 60 e 70, casas como a “Nau Catrineta”, a “Kaverna”, “O Poeta”, a “Taverna d’El Rey” e, novamente, o “Café Luso”, conquistaram novos públicos com as actuações daquele a que o destino apelidaria de Rei do Fado. Na década de 80, esta sorte bateria à porta da “Adega Mesquita”. Durante cerca de 20 anos Fernando Maurício cantou em programas de Fados na Emissora Nacional, actuou na RTP, gravou discos, obteve prémios – Prémio da Imprensa (1969) e os Prémios Prestígio e de Carreira da Casa da Imprensa (1985/1986) – tendo participado em inúmeros espectáculos no estrangeiro: Luxemburgo, Holanda, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos. Da discografia gravada destacam-se, para além dos Fados com Francisco Martinho e da participação em inúmeras colectâneas de Fado, os discos, actualmente disponíveis no mercado: “De Corpo e Alma Sou Fadista” (Movieplay, 1984), “Fernando Maurício, Tantos Fados Deu-me a Vida” (Discossete, 1995), “Fernando Maurício, Os 21 Fados do Rei” (Metro-Som, 1997), “Fernando Maurício”, col. “O Melhor dos Melhores” (Movieplay, 1997) e, finalmente, “Fernando Maurício”, Clássicos da Renascença (Movieplay 2000). Despreocupado em relação à necessidade de uma regular carreira discográfica, e dotado de um perfil pleno de abnegação e humanismo, Fernando Maurício cantou, durante toda a sua vida, em centenas de festas de beneficiência, por todo o país. Considerado o maior fadista da sua geração, possuidor de uma das mais originais vozes de Fado, a sua vasta carreira fez dele Rei do Fado e da Mouraria. Recusando os galões, Fernando Maurício manteve-se fiel a uma simplicidade autêntica, preferindo manter-se ligado às raízes, ali mesmo na Mouraria, que visitava diariamente. Ali revia os amigos da sua juventude: das cantorias, dos bailaricos de Verão, das cegadas na Adega do Luís Saloio, dos passeios pela Praça da Figueira, a ver os magalas e as sopeiras, do futebol, do jogo da Laranjinha e do Rei Mandado, da malandrice, dos banhos no Chafariz da Guia, das correrias a Alfama, da Calçada de Santo André até à Rua da Regueira, das brincadeiras no Tejo, onde aprendeu a nadar. Desses tempos recorda com saudade: “havia uma padaria na Rua do Capelão onde eu nasci e nós naquela altura – nos anos 40 – dormíamos todos na rua. De manhã levantávamo-nos e íamos lavar a cara ao Chafariz da Guia. Eram muitos amigos que eu tinha. Tínhamos uma equipa de futebol e jogávamos à bola na Rua do Capelão. Entre o Capelão e a Guia. Jogávamos descalços. Nessa padaria havia cestos de verga com pão quentinho, acabadinho de sair do forno. De madrugada, enquanto o padeiro trabalhava, encostávamo-nos à porta e tirávamos uns pães. Era uma época muito má. Corriam os tempos da guerra. Nós éramos 5 irmãos, depois nasceram os dois mais novos. A minha mãe era do Bonfim, do Porto. Lavava roupa para ajudar em casa”. Aos amigos e à família estima acima de tudo. A filha, Cláudia, a quem Amália Rodrigues costumava apelidar de Rainha Cláudia, é, para Fernando Maurício, motivo de um imenso orgulho. Com os amigos – o Zé Brasileiro, o Calitas, o Lenine e outros tantos – adora partilhar memórias, perder o tempo em conversas longas, ao sabor de um baralho de cartas, evocando as memórias de um quotidiano vivido no bairro da Mouraria. Fernando Maurício faleceu a 15 de Julho de 2003. Observações: Em Junho de 1989, Amália Rodrigues descerrou, na Rua do Capelão, duas lápides evocativas das vozes emblemáticas da Mouraria – Maria Severa Onofriana e Fernando da Silva Maurício. Em 31 de Outubro de 1994, a comemoração das bodas de ouro artísticas de Fernando Maurício acontece no Teatro Municipal de S. Luiz, numa Festa de Homenagem promovida pela Câmara Municipal de Lisboa. Em 12 de Maio de 2001, o Município presta-lhe nova homenagem no Coliseu dos Recreios em Lisboa sendo-lhe atribuído, pela Presidência da República, o título honorífico da Comenda de Bem Fazer. A 5 de Fevereiro de 2004, num espectáculo intitulado “Boa Noite Solidão”, o Município presta-lhe uma homenagem póstuma no Coliseu dos Recreios de Lisboa, com a participação de inúmeros colegas do Fado.As receitas deste espectáculo revertem na sua totalidade para a família do fadista Fernando Maurício. Excerto do texto “O Fado é o meu bairro”, Lisboa, CML, 2001; actualizado com informação após o falecimento do fadista. Última actualização: Abril de 2008
(in Museu do Fado)

Fado, Fernando Maurício - Loucura

O meu coração parou - Fernando Maurício

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