Leonel Nunes natural de uma pequena aldeia pertinho da cidade da Guarda chamada de Rapoula conta com mais de 5 décadas de vida, desde muito cedo revelou gosto pela musica, tendo já herdado esse bichinho de seu pai, que já tocava concertina e acordeão pelas adegas e tabernas da aldeia, filho de uma família humilde apenas adquiriu o seu próprio acordeão na tropa, durante alguns anos foi construtor civil, mas a musica e os bailaricos começavam a tomar algum relevo, e então á aproximadamente 30 anos, dá-se a escolha de dedicar-se á musica por completo, desde então já somam dezenas de trabalhos editados, alguns muito conhecidos como “ Mulher Ingrata “,”Porque não tem talo o nabo”, “Pau da Roupa”, “ Tomates de meu irmão “, “ O Bombeiro “, “ Toca o meu Badalo “ entre outros…
Leonel Nunes sempre acompanhado pelo indispensável garrafão, que tem sido o seu acompanhante imprescindível e colega de palco em todas as actuações feitas por este nosso país fora, Leonel Nunes até tem por habito dizer “ quanto melhor o vinho, melhor a musica “.
“Procuras bem!”, diz-me ele quando lhe pergunto há quantos anos anda nisto das cantigas. ” Desde 1975. Nessa altura já se tocavam umas gaitadas, umas acordeonadas”. Depois, manda vir um garrafão de vinho, “daquele melhor, do que eu bebo”. Explica-me que onde ele estiver “deve estar sempre, ao lado, um garrafão”. Que essa é, aliás, umas das condições dos tratos que faz com os organizadores das festas que anima. Ao seu lado tem que estar um garrafão de vinho, “o meu companheiro”. Em certos sítios é mesmo conhecido como “O Homem do garrafão”. Leonel Nunes, cantor e acordeonista “brejeiro”. Não se rala que chamem música “pimba” ao que faz. Faz música “para o povo”. Música “p’ra pular”, esclarece o filho, músico da mesma cepa. As cassetes de Leonel vendem-se aos milhares, em feiras, arraiais, quiosques e discotecas. Faz espectáculos por todo o país e os seus temas passam nas rádios.” Ganha muito dinheiro com isso, não é?”, pergunto-lhe eu. ” O dinheiro não se cava. Já fiz muita noitada e apanhei muita bebedeira. Agora quase que não dá para os tremoços”. “O povo está a ficar sem dinheiro” e, portanto, há poucas actuações: “Está mal para todos!”. Leonel Nunes tem 45 anos e vive às portas da Guarda, na Rapoula, a terra onde nasceu. Aprendeu acordeão, “a ver o meu velhote que tocava concertina”. Talvez tenha herdado do pai ” a paixão pelos harmónicos”. “Ando sempre a traquinar neles”, diz Leonel, à medida que vai revelando uma colecção impressionante de foles, acordeõs e concertinas. Cada exemplar mais bonito que o outro. “Se for preciso faço um acordeão de raiz” e nós acreditamos, sim senhor. O acordeão que utiliza nos espectáculos merece um lugar de honra na sua oficina. Trata-se de um vistoso instrumento, que lhe custou “mil e cento e trinta contos” e que tem integrado um sistema “midi”. Uma pequena “orquestra” portátil. Longe vão os tempos do seu primeiro acordeão, comprado em Timor, em 73, andava o Leonel Nunes na tropa.
Durante vários anos foi “construtor civil”. Ao mesmo tempo, “por brincadeira” animava casamentos, baptizados e festas de amigos. Depois “o bichinho” foi mais forte e Leonel Nunes dedicou-se por inteiro à sua música. Depois de tocar “coisas de outros” decidiu-se a tratar das letras e das músicas. O seu primeiro êxito deve-se aos… tomates do irmão. A cantiga chamava-se ” os tomates do meu irmão” e foi uma farturinha. Chegaram a chamar-lhe o “rei da cassete”, tantas eram as pessoas interessadas no irmão (que afinal, nem sequer existe) de Leonel Nunes. O último trabalho tem também um título sugestivo: “Ela ficou na da mãe”. Leonel, de semblante carregado, explica-me que o tema fala do “prato do dia, dos divórcios e da separações de bens”. Outros temas: “Ela só quer minhoca”, “Ela tem bom olho” ou “Põe-lhe o capacete”. Só “cantiguinhas com este arzinho”, ri-se Leonel Nunes. Malandreco.
Quando começou, o “povo chamava-lhe porco e dizia que ele só dizia asneiras”, conta a mulher, ” mas agora, o povo só quer disto”. “Há 15 anos quem cantava isto? Só eu e o Quim Barreiros. Mas agora é quase toda a gente!”, confirma o Leonel Nunes. O filho vai mais longe: “As pessoas chamam pimba à música que se vende”. Nuno, que estuda engenharia electrotécnica, já tem um trabalho discográfico editado – “No cometa um foguetão”. “Gosto deste género de música. Nasci no meio dela”. “Quando era bebé, já andava pela casa a tocar testos”, diz orgulhosa, a mãe. O rapaz, que tem uma voz impressionante, quer seguir as pisadas do pai. Uma família divertida, sem dúvida.
Artigo Retirado do jornal Terras da Beira
Porque não tem talo o grelo?
Como eu vivo na cidade
Compro a fruta já madura
Gostaria de perceber
Um pouco de agricultura.
Quando vou à praça e penso
Na origem da hortaliça
Tomates, pepinos e grelo,
Só de olhar metem cobiça.
E porque a couve tem talo
E o bacalhau tem rabo
Se o feijão verde tem fio
Porque não tem talo o nabo?
Se a banana tem cacho
Toda a uva tem que tê-lo
Já pensei muitas vezes
Porque não tem talo o grelo?
O nabo não tem talo
Que é tamanho reduzido
Mas lá no fundo da terra
O repolho tem talo comprido.
Como o bacalhau tem rabo,
E acompanha esta verdura,
Explique cá pra mim,
Quem souber de agricultura.
REFRÃO
Se um dia o pepino tem fio,
Então já não tem talo o grelo,
Anda o mundo às avessas,
Já não se pode comê-lo.
É melhor pra toda a gente,
Que as coisas fiquem assim,
Quem souber de agricultura,
Poderá explicar pra mim.
REFRÃO
Se um dia o pepino tem fio,
Então já não tem talo o grelo,
Anda o mundo às avessas,
Já não se pode comê-lo.
É melhor pra toda a gente,
Que as coisas fiquem assim,
Quem souber de agricultura,
Poderá explicar pra mim.
**MUSICAL**
REFRÃO
**MUSICAL**
REFRÃO
LEONEL NUNES
Mulher ingrata, que tanto me castigas
Tens a pacata já ratada das formigas
Há tanto tempo sem me dares um tostão
Se assim continua vamos ter revolução
Conheço homens, que comem, bebem e fazem tudo
Só eu então, sou feliz por um canudo
Eu vou ás compras, lavo a roupa, eu passo a ferro
E quando chego a casa ainda oiço tanto berro
Mulher ingrata, que tanto me castigas
Tens a pacata já ratada das formigas
Há tanto tempo não me dás um tostão
Se assim continua vamos ter revolução
Há tanto tempo que não me compras um fato
Ando com este todo roto, armado quase em carrapato
Tenho uma camisa com os colarinhos engomados
As cuecas todas rotas que ela me rompeu no “fado”
Mulher ingrata, que tanto me castigas
Tens a pacata já ratada das formigas
Há tanto tempo sem me dares um tostão
Se assim continua vamos ter revolução
Eu vou ao mato à malhada e à caruma
Eu chego a casa, cacetada, é zumba zumba!
De dia em dia eu já nem durmo com ela
Que ela se me lá apanha, faz-me logo uma barrela
Oh mulher ingrata, p’ra tanto me castigas
Tens a pacata já ratada das formigas
Há tanto tempo sem me dares um tostão
Se assim continua vamos ter revolução
Eu vou ao mato à malhada e à caruma
Eu chego a casa, cacetada, é zumba zumba!
De dia em dia eu já nem durmo com ela
Que ela se me lá apanha, faz-me logo uma barrela
Mulher ingrata, que tanto me castigas
Tens a pacata já ratada das formigas
Há tanto tempo sem me dares um “pataco”
Se assim continua vou-te tapar o buraco
Se assim continua vou-te tapar o buraco
Mulher ingrata, que tanto me castigas
Tens a pacata já ratada das formigas
Há tanto tempo não me dás um “pataco”
Se assim continua vou-te tapar o buraco
Se assim continua vou-te tapar o buraco
Se assim continua vou-te tapar o buraco…
Leonel Nunes – O chefe dos chefes
(…) Para quem não sabe, Leonel Nunes, mais conhecido com o “Homem do Garrafão”, e um artista pimba, conhecido pelas suas musicas de intervenção sempre cheia de generosas doses de humor e satira. Como ja o foi dito, este cantor e conhecido como o “Homem do Garrafão” porque durante os concerto, entre as musicas, embarca cerca de 5 Litros de vinho tinto, o que faz o publico delirar, em entrevista ao Semi-Vida, Leonel confessou-nos que, antes de subir ao palco, ja leva 2 Litros de vinho adiantados, “Para aquecer” contou-nos ele…confidencio-nos também que “Desde pequeno que estou habituado a beber, ja tenho uma resistência que bebo litros e litros de vinho, e ainda levo amigos a casa na minha mota” Um senhor este Leonel Nunes. De entre todos os concerto que ja deu, o que mais o marcou foi sem duvida o concerto no arraial de engenharia de 2008, concerto esse em que um grupo de jovens levou uma placa a dizer “Leonel da-me o teu bigode”, obviamente que nao deu o seu bigode, mas forneceu a malta uma copinho de vinho, ao que Leonel disse que “Nesse grupo, muito animado lembro-me de uma menina com um chapéu de um panda, um rapaz extremamente sensual, e de outro coitado que estava todo bêbado, que ja com muita pena minha lhe dei um copo de vinho, que desperdício, a partir dai nunca mais o vi”
(…) in: http://semi-vida.blogspot.pt