Não sei, não sabe ninguém
Porque canto o fado,
Neste tom magoado
De dor e de pranto…
De dor e de pranto.
Não sei, não sabe ninguém
Porque canto o fado,
Neste tom magoado,
De dor e de pranto.
E neste tormento, todo sofrimento
Que sinto na alma,
Cá dentro se acalma,
Nos versos que canto.
Foi Deus, que deu luz aos olhos
Perfumou a rosa,
Deu oiro ao Sol
E prata ao Luar.
Foi Deus, que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar.
Pôs as estrelas no céu,
Fez o espaço sem fim,
Deu o luto às andorinhas
Ahhh …
E deu-me esta voz a mim.
Se canto, não sei o que canto
Misto de ventura, saudade,
Ternura ou talvez amor.
Só sei que cantando,
Sinto o mesmo quando,
Se tenho um desgosto
E o pranto no rosto, nos deixa melhor.
Foi Deus, que deu voz ao vento,
Luz ao firmamento,
E pôs o azul, nas ondas do mar.
Foi Deus, que me pôs no peito,
Um rosário de penas,
Que vou desfiando
E choro a cantar.
Fez poeta o rouxinol,
Pôs no campo o alecrim,
Deu as flores à primavera …
Ahhh …
E deu-me esta voz a mim!
(Alberto Janes)
Xico Fadista canta o fado “Foi Deus“ da sra dona Amália Rodrigues (cover 2020)
Foi Deus – António Zambujo