«TROVA DO VENTO QUE PASSA»
Por uns – compreendida , por outros – apupada, mas a ninguém indiferente. Decide cantar o fado-canção. Encontra uma nova postura de cantar o fado, mais desabrida. Canta com entusiasmo os fados de Frederico Valério, Raul Ferrão e de Frederico de Freitas «com uma estrutura musical mais complexa, com refrão e coplas, por oposição à simplicidade estrófica dos velhos fados castiços». (Rui V. Nery) Amália dá ao fado um novo fulgor. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente «subordinando o ritmo regular da melodia ao sabor da dicção poética, com suspensões inesperadas e acrescenta ornamentos novos, que foi a buscar às cantigas da Beira Baixa», escreve o mesmo musicólogo. Ultrapassa todas as fronteiras e preconceitos culturais. Amália tem a arte de sincretizar o que é urbano e rural, o que é popular e erudito através de uma voz de timbre único, prenhe de emoção sensual e musical. Os poetas Pedro Homem de Mello e David Mourão Ferreira passam a escrever para ela. Canta os grandes poetas da língua portuguesa, dos trovadores a Camões, de Bocage aos poetas contemporâneos guiada pela sua grande intuição. Conhece o compositor luso-francês Alain Oulmain: «Um dia estava num acampamento e levaram-me Alain Oulmain, que tinha uma música a pensar em mim, o Vagamundo. Fui ouvir e gostei. Seguiram-se outras e fui contra a maré das pessoas que estavam ao pé de mim, que achavam aquilo muito complicado. Os guitarristas de facto, tiveram de aprender aquelas harmonias novas que o Alain trazia, que não tinham nada a ver com o fado porque o fado é pobre em harmonia. O Alain nasceu no Dafundo, nasceu em Portugal, apesar de ser francês. Tem uma sensibilidade grande de artista, foi criado num certo ambiente. Depois, ouviu-me cantar, sentiu que a minha sensibilidade estava muito perto da sua. Dá-me a possibilidade de voar.» Amália tem um humor marcadamente lisboeta, construído em Alcântara, bairro predominantemente operário onde o humor corrosivo é cultivado quase como uma forma de vida. Brinca com ela própria, com o seu próprio talento. Sobre a sua primeira aparição na televisão portuguesa em 1958 conta ela ao seu biógrafo: «Andou sempre uma mosca à minha volta. Cantou melhor a mosca do que eu. Quando havia lá moscas, e acho que havia sempre, as pessoas disfarçavam. Eu, como havia a mosca, sacudi-a. E depois só se falava na mosca». Perante situações complicadas constrói a sua coragem na capacidade da resposta pronta. Quando alguém lhe fala sobre as condecorações e outras honrarias que recebera durante a ditadura, responde: «Por mim, não me levantava do meu cadeirão. Não passei pela vida, a vida é que passou por mim». Na década de 60, razões económicas e razões políticas levam os portugueses a emigrarem em massa para os países ricos da Europa. Em Angola rebenta a Guerra Colonial. Movimento estudantil contra a repressão salazarista. Muitos portugueses, opositores ao regime são obrigados ao exílio. Em Argel o poeta-exilado Manuel Alegre recebe uma carta do seu amigo Alain Oulmain pedindo-lhe autorização para Amália interpretar «Trova do vento que passa» poema que era já uma referência para a resistência anti-fascista portuguesa na voz de Adriano Correia de Oliveira. A nova versão surge no disco da Amália «Com que Voz» (1970) Em 1962 aparece o primeiro disco com músicas de Alain Oulmain e que é muito bem aceite por um público de uma elite cultural. Para alguns não é fado. Os próprios guitarristas quando tocam as coisas de Oulmain, vêem-se à nora. José Nunes dizia sempre: «Vamos às óperas». A sua grande sensibilidade artística e intuição faz com que o fado Povo que lavas no rio, um poema que Amália escolhe não sabe bem porquê, de Pedro Homem de Mello, tenha uma dimensão política. O mesmo se passa com um antigo fado do Armandinho que se torna num hino aos que se encontram presos em Peniche e que se passou a ser conhecido como o «fado de Peniche». O disco foi proibido. Para Amália quando «o cantei, aquilo era uma tristeza de amor, que é um sentimento muito mais bonito e muito mais dorido que uma ideia revolucionária. Não me passavam pela cabeça prisões.» Em 1966 está novamente nos Estados Unidos. Canta em salas normalmente vedadas à participação de cantores de música ligeira como no Lincoln Center e no Hollywood Bowl. Recebe um telefonema de Lisboa a dizer que Alain Oulmain foi preso pela PIDE. Amália dá todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja liberto e posto na fronteira. Em 1967 o Papa Paulo VI visita o santuário de Fátima, a irmã Lúcia e condecora o director da PIDE. Fotos, factos, fados… Amália continua a cantar os poetas esquerda: Ary dos Santos, Manuel Alegre, O’Neill, David Mourão-Ferreira. Em 1968 o ditador Salazar cai da cadeira de lona em que descansava. Incapacitado é substituído pelo professor universitário Marcelo Caetano. A PIDE encerra temporariamente o Instituto superior Técnico. Em 1969 eleições em que concorrem pela primeira vez os movimentos democráticos MDP/CDE e CEUD que representam as duas facções mais importantes dos opositores ao regime. Fraude eleitoral. Deputados da chamada Ala Liberal são eleitos para a nova Assembleia Nacional. Onda de greves em todo o país. Em 1969 Amália é condecorada por Marcelo Caetano na Exposição Mundial de Bruxelas. Início de uma grande digressão à antiga União Soviética. Mais uma vez a sua voz peculiar, deslumbra. Amália nunca fica maravilhada com o que lhe acontece. É sempre igual a si mesma. Terá sempre uma atitude displicente em relação aos seus êxitos e ao seu talento. Nunca guardará nada relacionada com a sua carreira artística: «Passei a minha vida a surpreender-me com o que me aconteceu, mas nunca lutei, como nunca sofri para conseguir fazer alguma coisa, para o que se chama vencer, talvez não tenha gozado bem as coisas por que passei. Embora saiba que a única artista portuguesa conhecida no estrangeiro seja eu». 1971: Zeca Afonso grava para a editora Arnaldo Trindade o disco Cantigas de Maio que inclui Grândola, Vila Morena. Em Paris Amália visita Alain Oulmain e conhece pessoalmente Manuel Alegre que, convalescente de uma doença, encontra-se escondido em casa do seu amigo. Início de uma grande amizade e colaboração. Manuel Alegre confessa que ficou um pouco atrapalhado. No exílio, em Argel, ouvia os seus discos e «sentia um bocado de Portugal comigo, porque no fundo, ninguém como ela exprime o que defino por a nossa atlanticidade, essa forma melancólica e nostálgica que é a saudade.» Quando se emociona, canta de modo tão intenso que chora. «Uma vez num barco, em Vila Franca, à noite cantei aquela música do Fado Cravo que as pessoas se ajoelharam aos meus pés. Ajoelharam-se porquê? Porque senti uma emoção muito grande. (…) Nem sei como chamar a isto. Talvez eu não seja criadora, mas quando canto estou a inventar. E, para inventar, preciso de música. O fado quando comecei era amarrado como se tivesse uma só divisão e a minha maneira de cantar deu-lhe mais duas casas. Porque nada dentro daquela divisão me deixava fugir. A minha voz queria fugir dali, mas batia na porta. Tive que cantar à minha maneira.» (in blog “Vidas Losófonas”
Discos / Discografia
Singles – 78 RPM
1945: As penas
1945: Perseguição
1945: A tendinha
1945: Sei finalmente
1945: Fado do ciume
1945: Ojos verdes
1945: Corria atrás das cantigas (Mouraria)
1945: Carmencita
1945: Los piconeros
1945: Passei por você
1945: Troca de olhares
1945: Duas luzes
1945: Ai, Mouraria
1945: sardinheiras
1945: Maria da Cruz
1945: Só à noitinha (saudades de ti)
1951/52: Fado do ciúme
1951/52: Fado malhoa
1951/52: Não sei porque te foste embora
1951/52: Amalia”
1951/52: Ai, Mouraria
1951/52: Que Deus me perdoe
1951/52: Sabe-se lá
1951/52: Confesso
1951/52: Fado da saudade
1951/52: Dá-me um beijo
1951/52: Fado marujo
1951/52: Fado das tamanquinhas
1951/52: Ave-Maria fadista
1951/52: Fria claridade
1951/52: Fado da Adiça
1951/52: Minha canção é saudade
1951/52: La porque tens cinco pedras
1951/52: Quando os outros batem
1953: Novo Fado da Severa
1953: Uma Casa Portuguesa
1954: Primavera
1955: Tudo isto é fado
1956: Foi Deus
1957: Amália no Olympia
EP
1958: Alfama
1962: Amália
1963: Povo que lavas no rio
1964: Estranha forma de vida
1965: Amália canta Luís de Camões
1966: Fado do Ciúme
1967: Amália Canta Portugal I
1969: Formiga Bossa Nossa
1971: Oiça lá, ó Senhor Vinho
1972: Cheira a Lisboa
Longas-duração
1957: Amália no Olympia
1962: Busto
1965: Fado Português
1967: Fados 67
1969: Marchas de Lisboa
1969: Vou dar de beber à dor
1970: Amália/Vinicius
1970: Com que voz
1971: Amália Canta Portugal II
1971: Oiça Lá Ó Senhor Vinho
1971: Amália no Japão
1971: Cantigas de amigos
1972: Amália Canta Portugal III
1972: Amália em Paris
1973: A Una Terra Che Amo
1974: Amália no Café Luso
1976: Amália no Canecão
1976: Cantigas da boa gente
1977: Fandangueiro
1971: Anda o Sol na Minha Rua
1977: Cantigas numa Língua Antiga
1980: Gostava de Ser Quem Era
1982: Amália Fado
1983: Lágrima
1984: Amália na Broadway
1985: O Melhor de Amália: Estranha forma de vida
1985: O Melhor de Amália, vol. 2: Tudo isto é fado
1990: Obsessão
1992: Abbey Road 1952
1997: Segredo
Amália da Piedade Rodrigues (Nasceu em Lisboa, 1 de Julho de 1920 – Faleceu em Lisboa, 6 de Outubro de 1999) foi cantora, actriz e fadista, portuguesa, geralmente aclamada como a voz de Portugal e uma das mais brilhantes cantoras do século XX. Está sepultada no Panteão Nacional, entre os portugueses ilustres.
Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira (francesa, americana, espanhola, italiana, mexicana e brasileira). Marcante contribuição sua para a história do Fado, foi a novidade que introduziu de cantar poemas de grandes autores portugueses consagrados, depois de musicados, de que é exemplo a lírica de Luís de Camões ou as cantigas e trovas de D. Dinis. Teve ainda ao serviço da sua voz a pena de alguns dos maiores poetas e letristas seus contemporâneos, como David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Mello, José Carlos Ary dos Santos, Alexandre O’Neill ou Manuel Alegre. Rodrigues falava e cantava em castelhano, galego, francês, italiano e inglês.
Em 1943 iniciou sua carreira internacional, actuando no Teatro Real de Madrid. Entre 1944 e 1945, ficou 8 meses em cartaz no Casino Copacabana. Sua estreia no cinema deu-se em 1947, com o filme Capas Negras, considerado um marco no cinema europeu e latino, tendo ficado mais de um ano em cartaz e sendo o maior sucesso do cinema lusitano até hoje. A canção “Coimbra”, atingiu a segunda posição da tabela Billboard Hot 100, da revista estadunidense Billboard, em 1952. Em maio de 1954, Amália foi capa da mesma revista estadunidense, pois o álbum Amália in Fado & Flamenco atingiu a primeira posição entre os mais vendidos nos Estados Unidos. Neste mesmo ano, actuou no Radio City Music Hall em Nova Iorque por 4 meses. Na década de 1970, embora estivesse no auge da sua fama internacional, sua imagem em Portugal foi afetada por falsos rumores de que Amália tinha ligações com o regime do ditador António de Oliveira Salazar. Na verdade, o ditador censurou muitos de seus fados. Amália reconquistou a popularidade com o povo português, cantou o hino da Revolução dos Cravos, a canção “Grândola Vila Morena” e deu dinheiro para o Partido Comunista Português clandestinamente.
Até à sua morte, em outubro de 1999, 170 álbuns haviam sido editados com seu nome em 30 países, vendendo mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo, número 3 vezes maior que a população de Portugal.
Biografia
Estreia-se no teatro de revista em 1940, como atracção da peça Ora Vai Tu, no Teatro Maria Vitória. No meio teatral encontra Frederico Valério, compositor de muitos dos seus fados.
Em 1943 divorcia-se a seu pedido. Torna-se então independente. Neste mesmo ano actua pela primeira vez fora de Portugal. A convite do embaixador Pedro Teotónio Pereira, canta em Madrid.
Em 1944 consegue um papel proeminente, ao lado de Hermínia Silva, na opereta Rosa Cantadeira, onde interpreta o Fado do Ciúme, de Frederico Valério. Em Setembro, chega ao Rio de Janeiro acompanhada pelo maestro Fernando de Freitas para actuar no Casino Copacabana. Aos 24 anos, Amália tem já um espectáculo concebido em exclusivo para ela. A recepção é de tal forma entusiástica que o seu contrato inicial de quatro semanas se prolongará por quatro meses. É convidada a repetir a turné, acompanhada por bailarinos e músicos.
É no Rio de Janeiro que Frederico Valério compõe um dos mais famosos fados de todos os tempos: Ai Mouraria, estreado no Teatro República. Grava discos, vendidos em vários países, motivando grande interesse das companhias de Hollywood.
Em 1947 estreia-se no cinema com o filme Capas Negras, o filme mais visto em Portugal até então, ficando 22 semanas em exibição. Um segundo filme, do mesmo ano, é Fado, História de uma Cantadeira que é outro grande sucesso.
Amália é apoiada por artistas inovadores como Almada Negreiros e António Ferro. É esse que a convida pela primeira vez a cantar em Paris, no Chez Carrère, e a Londres, no Ritz, em festas do departamento de Turismo que o próprio organiza. Ricardo Espírito Santo também foi seu Mecenas.
A internacionalização de Amália aumenta com a participação, em 1950, nos espectáculos do Plano Marshall, o plano de apoio dos Estados Unidos à Europa do pós-guerra, em que participam os mais importantes artistas de cada país. O êxito repete-se por Trieste, Berna, Paris e Dublin (onde canta a canção Coimbra, que, atentamente escutada pela cantora francesa Yvette Giraud, é popularizada por ela em todo o mundo como Avril au Portugal).
Amália Rodrigues, 1969
Em Roma, Amália actua no Teatro Argentina, sendo a única artista ligeira num espectáculo em que figuram os mais famosos cantores de música clássica.
Em Setembro de 1952 a sua estreia em Nova Iorque fez-se no palco do La Vie en Rose, onde ficou 14 semanas em cartaz. Ainda nos Estados Unidos, em 1953 canta pela primeira vez na televisão (na NBC), no programa de Eddie Fisher patrocinado pela Coca-Cola, que teve que beber e de que não gostara nada. Grava discos de fado e de flamenco. Convidam-na para ficar, mas não fica porque não quer.
Nos EUA editou o seu primeiro LP (as gravações anteriores eram em discos de 78 rotações). Amalia Rodrigues Sings Fado From Portugal and Flamenco From Spain, lançado em 1954 pela Angel Records, assinala a sua estreia no formato do long-play, a 33 rotações, criado apenas seis anos antes e, na época, ainda longe de conhecer a expressão de mercado que depois viria a conquistar. O álbum, que seria editado em 1957 em Inglaterra e, um ano depois, em França, nunca teve prensagem portuguesa.
Amália dá ao fado um fulgor novo. Canta o repertório tradicional de uma forma diferente, num sincretismo do que é rural e do que é urbano.
Canta os grandes poetas da língua portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escrevem para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, O’Neill). Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe várias canções.
O seu Fado de Peniche é proibido por ser considerado um hino aos que se encontram presos em Peniche, Amália escolhe também um poema de Pedro Homem de Mello, Povo que lavas no rio, que ganha uma dimensão política. Cantou ainda a famosa canção “Barco Negro”, que no original era “Mãe Preta” (dos compositores brasileiros Caco Velho e Piratini) com os conhecidos versos:
Enquanto a chibata batia no seu amor/Mãe preta embalava o filho branco do Senhor.
A letra foi proibida pela censura em Portugal. O poeta David Mourão-Ferreira escreveu, então, outra, um belo poema de amor – Barco Negro. Amália gravou a versão original em 1978, após a revolução de 25 de Abril de 1974.
A 26 de Abril de 1961, casa-se no Rio de Janeiro com o seu segundo marido, o engenheiro luso-brasileiro César Henrique de Moura de Seabra Rangel (Avelãs do Caminho, Anadia, c. 1920 – Brejão, Odemira, 11 de Junho de 1997), filho de Augusto César de Seabra Rangel (Casa dos Rangel, Avelãs de Caminho, Anadia, 16 de Abril de 1885 – idem, 28 de Outubro de 1929), sobrinho-neto do 1.º Barão de Mogofores, e de sua mulher Teresa de Seabra de Moura,[14] com quem fica até à morte deste, em 1997.
Em 1966, volta aos Estados Unidos, actuando no Lincoln Center, em Nova Iorque, com o maestro André Kostelanetz frente a uma orquestra, num programa essencialmente feito de canções do folclore português numa das noites e num outro, feito de fados (também com orquestra), na seguinte. O mesmo espectáculo foi encenado, dias depois, no Hollywood Bowl. Voltaria ao Lincoln Center em 1968.
Ainda em 1966, o seu amigo Alain Oulman é preso pela PIDE. Amália dá todo o seu apoio ao amigo e tudo faz para que seja libertado e posto na fronteira.
Em 1970 é editado o álbum Com Que Voz.
No ano de 1971 encontra finalmente Manuel Alegre, exilado em Paris.
Em 1974 grava o álbum Encontro – Amália e Don Byas com o saxofonista Don Byas.
Amália após o 25 de Abril
Em 1976 é editado o disco Amália no Canecão gravado no Brasil. No mesmo ano é lançado o álbum Cantigas da boa gente. Fandangueiro e Cantigas numa Língua Antiga são lançados em 1977.
No ano de 1980 é lançado o disco Gostava de Ser Quem Era. Em 1982 é lançado o Maxi-single Senhor Extraterrestre com dois temas de Carlos Paião. É editado o álbum Amália Fado com temas de Frederico Valério.
Em 1983 é editado o álbum Lágrima a que se segue Amália na Broadway em 1984.
Em 1985, a colectânea O Melhor de Amália: Estranha forma de vida obtém grande sucesso. É lançado um novo volume: O Melhor de Amália, vol. 2: Tudo isto é fado.
Ao mesmo tempo, atravessa dissabores financeiros que a obrigam a desfazer-se de algum do seu património.
Ao longo dos anos que passam, vê desaparecer o seu compositor Alain Oulman, o seu poeta David Mourão-Ferreira e o seu marido, César Seabra, com quem era casada há 36 anos, e que morre em 1997.
Em 1997 é editado pela Valentim de Carvalho o álbum Segredo com gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975. É ainda publicado o livro (Versos) com os seus poemas. É-lhe feita uma homenagem nacional na Exposição Mundial de Lisboa (Expo 98).
Em Abril de 1999, Amália desloca-se pela última vez a Paris, sendo condecorada na Cinemateca Francesa, pelos muitos espectáculos que deu naquela cidade e, por dever-se a ela o facto da França começar a apreciar o fado. Já ligeiramente debilitada, agradeceu aos franceses o facto de se ter começado a projectar no mundo, pois foi a partir de França que os seus discos se começaram a espalhar.
A 6 de Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre, em sua casa, repentinamente, ao início da manhã, com 79 anos, poucas horas depois de regressar da sua casa de férias no litoral alentejano. Imediatamente, o então primeiro-ministro, António Guterres, decreta Luto nacional por três dias. No seu funeral centenas de milhares de lisboetas descem à rua para lhe prestar uma última homenagem. Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Dois anos depois, a 8 de Julho de 2001, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa (após pressão dos seus admiradores e uma modificação da lei que exigia um mínimo de quatro anos antes da trasladação), e onde repousam personalidades consideradas expoentes máximos da nacionalidade.
Amália Rodrigues representou Portugal em todo o mundo, de Lisboa ao Rio de Janeiro, de Nova Iorque a Roma, de Tóquio à União Soviética, do México a Londres, de Madrid a Paris (onde actuou tantas vezes no prestigiadíssimo Olympia).
Propagou a cultura portuguesa, a língua portuguesa e o fado.
(in Wikipedia)
Fundação Amália