Esta agremiação musical, como tantas outras bandas filarmónicas civis, terá sido instituída em meados do século XIX, em data imprecisa. É indicado como seu fundador um jovem, Manuel José Meira de Oliveira, nascido em Barroselas no ano de 1836, e comprovadamente já referido como músico em janeiro de 1864.
Precisamente seis meses depois, a 24 de julho, a banda por ele fundada já aparece mencionada como participante na festa de inauguração da renovada capela de Santa Ana, na vizinha freguesia de Carvoeiro. Era pároco em Barroselas, desde janeiro de 1855, o egresso dominicano Frei Custódio de Jesus Vieira Lopes que, segundo a tradição, depois de benzer os instrumentos musicais, dirigiu aos músicos as seguintes palavras: “Tomai os vossos instrumentos e com a vossa música louvai o Senhor. Se assim fizerdes, nunca esta banda há-de acabar”.
Foi pois, louvando o Senhor, principalmente nas romarias e festas religiosas na província do Minho, que esta banda se manteve em atividade durante o século e meio que já tem de existência. Destas romarias há a destacar as da própria vila de Barroselas e as das freguesias vizinhas, que todas forneceram alguns executantes para a banda e algumas delas até maestros. Colaborou também em festas laicas e em manifestações de cariz político, como sejam as da implantação da República, em anos subsequentes a 1910, e na breve restauração monárquica em janeiro de 1919. Participou, com outras bandas, em vários encontros regionais onde provou a qualidade dos seus regentes e executantes. Deslocou-se também à Galiza e ao Algarve. Teve à sua frente 15 dedicados maestros, quase todos conterrâneos e alguns deles descendentes diretos do fundador. Como acontece com todas as associações artísticas, sofreu situações menos estimulantes durante a sua tão longa vida. Refira-se, a propósito, o ano de 1927 quando correu o boato de que, por doença do regente, naquele ano acabara a sua atividade; em 1934 ao ser fundada, pelo Grupo de Escuteiros, uma nova banda de música em Barroselas; e em 1957 quando a emigração de muitos músicos, e do próprio maestro, pôs em causa a sua continuidade.
Felizmente todos os contratempos foram vencidos, principalmente depois de terminada a Guerra Colonial e de ter diminuído a emigração, o que permitiu o recrutamento de mais músicos e a sua permanência na banda. A partir de 1984 passou a funcionar uma escola de música aberta à participação de jovens de ambos os sexos, quer da vila de Barroselas quer de qualquer outra localidade vizinha.
Por escritura notarial de 27 de julho de 1987 foi a Banda Musical Velha de Barroselas legalizada como Associação Cultural sem fins lucrativos. A Câmara Municipal de Viana do Castelo, em sessão de 28 de dezembro de 1995, atribui-lhe o título de Instituição de Mérito. Em 18 de dezembro de 2004, na comemoração do 17.º aniversário da elevação a vila, também a Junta de Freguesia de Barroselas lhe concedeu a mesma distinção. E por despacho de 18 de dezembro de 2008 foi-lhe reconhecida pelo Governo a de Instituição de Utilidade Pública.
Uma das mais antigas ambições da Banda Musical Velha de Barroselas era a de possuir instalações próprias, que lhe foram atribuídas pela Câmara Municipal de Viana do Castelo ao ser desativada a escola primária feminina em setembro de 2005. Entretanto sujeita a obras de recuperação, custeadas pela mesma Câmara, estão adaptadas às necessidades de funcionamento da Banda. Desde 2010 sob a direção administrativa de Isaac Damasceno Oliveira Rego, trineto do fundador e anterior maestro, e sob a direção artística de Jorge Manuel Lima Pires, a Banda é composta por 63 elementos e tem o futuro assegurado por uma Escola de Música. Que as palavras do pároco de há 151 anos continuem a servir de estímulo à Banda Velha!
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