A justiça fechou Nininho em casa, a música abriu-lhe a porta
Tem o nome do pai, Avelino, mas desde pequeno que ficou conhecido por “Nininho”. Há 2 anos, foi preso depois de desacatos numa noite de saída com amigos. Com uma ficha com antecedentes criminais, ficou um ano e 15 dias fechado em casa, com pulseira electrónica. Durante esse tempo, contou ao PÚBLICO, Nininho ficou “viciado nas limpezas” e começou a descobrir o talento para a música. Um dia, gravou com o telemóvel um vídeo seu a cantar, onde se podia ver no tornozelo a pulseira electrónica. O vídeo foi parar ao Youtube: tem já quase 800 mil visualizações. Em pouco tempo, ficou sem espaço para adicionar amigos no Facebook e a sua página de artista já conta com mais de 9 mil seguidores. “Cigano da parte do pai e não cigano da parte da mãe”, acredita que a sua música tornou-se popular por ser uma mistura entre o pop e a cultura cigana. Hoje, Nininho vive da música.
Elefante de Papel (Rita Ferro Rodrigues) entrevista Nininho
Nininho está a tornar-se num caso sério da música pop cigana (sim, é assim mesmo que a caracteriza) e quer que esta se democratize e entre nos ouvidos de todas as pessoas. Acredita – porque sabe que é verdade – que a música aproxima os seres humanos e é uma arma importante para combater discriminações e desigualdades.
Avelino, Nininho para os amigos. Aquilo que mais impressiona quando o conhecemos pela primeira vez é a cor do olhos e o sorriso franco. Mais tarde será a voz e a capacidade de abraçar – abraçar mesmo.
Nininho está a tornar-se num caso sério da música pop cigana (sim, é assim mesmo que a caracteriza) e quer que esta se democratize e entre nos ouvidos de todas as pessoas. Acredita – porque sabe que é verdade – que a música aproxima os seres humanos e é uma arma importante para combater discriminações e desigualdades.
“Cigano da parte do pai e não cigano da parte da mãe” sabe bem o que é o olhar preconceituoso mas detesta discursos de vitimização e aposta na afirmação cultural plena, franca e desassombrada.
A vida já lhe trocou as voltas – já viveu privado de liberdade. Esteve preso 1 ano e 15 dias em casa, com pulseira electrónica por erros que não o definem e com os quais já acertou as contas. Aquilo que ele é, é-o agora. A falta de liberdade e a reflexão a que foi obrigado trouxeram-lhe, num acaso feliz da vida, o melhor que tem agora: o reconhecimento através da música.
Foi a lavar os dentes e de pulseira electrónica no pé que começou a trautear aquele que seria o seu primeiro grande sucesso. Depois o YouTube, (que faz voar até quem está preso) fez o resto. Milhões de elogios e visualizações, incentivos e, já mais tarde em liberdade, concertos cheios de pessoas. Pessoas. Em toda a sua alegria, representatividade e diversidade. Está num momento de criatividade e lançamento de músicas novas e, por isso, abraça o mundo cheio de alegria e ternura, da mesma forma que me abraçou a mim em cada minuto desta entrevista.
Senhoras e senhores: