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Rita Guerra
18 Fevereiro, 2017
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Ultraleve
5 Fevereiro, 2017

O Tiago Bettencourt

Capacitado duma capacidade interpretativa muito marcante e genuína. Constrói melodias intensas e encantadas. O sentir o que se canta enquanto que passa a mensagem envolvida em musicas de dum qualquer carinhoso e familiar inverno. Usufruam portugueses de excelentes momentos ao vivo nos espetáculos do Tiago Bettencourt.

Muito mais que um poeta

Autor de várias composições de referência da nova música portuguesa, foi há mais de dez anos que embarcou naquela que seria a sua primeira aventura em estúdio, com Toranja, marcando para sempre o panorama musical português.
A riqueza da simplicidade dos seus poemas e melodias depressa captou a atenção do público e se “Esquissos” foi um sucesso de vendas, o álbum “Segundo” também não ficou aquém. Temas inesquecíveis como “Carta” e “Laços” são indissociáveis das suas melodias e da sua voz marcante. Já em 2006 os Toranja anunciam uma pausa prolongada. É então que Tiago Bettencourt parte para o Canadá e tendo como banda de apoio os Mantha, grava o álbum “Jardim”, editado em 2007 com o grande êxito “Canção Simples”.
Em 2010, é editado “Em fuga” com o single “Só mais uma volta”. A mesma edição exclusiva CD DVD contém imagens inéditas de estúdio durante a gravação de «Em Fuga», juntamente com uma filmagem de músicas do primeiro álbum a solo do músico.
No final do ano de 2011 é editado “Tiago na Toca e os Poetas”. Neste álbum, que surge acompanhado de um livro, Tiago o músico canta poemas de autores portugueses como Florbela Espanca e José Carlos Ary dos Santos, na companhia de amigos, entre eles, Carminho, Camané, Fernando Tordo, entre outros.
A 26 de Novembro de 2012 chega às lojas “Acústico”. O regresso aos discos é também uma imensa celebração: reunido de convidados (Lura e Jorge Palma) e munido dos melhores momentos de uma carreira exemplar, «Acústico» assinala um percurso de uma década de muitas experiências e sucesso, que não só revelou uma das maiores vozes nacionais como trouxe um dos grandes autores da sua geração.
Em 2014, Tiago Bettencourt apresenta o novo disco “Do Princípio”, contando com três colaborações de luxo (Jacques Morelenbaum, Mário Laginha e Fred Pinto Ferreira) além dos seus músicos habituais. Neste disco Tiago renova-se apresentando, entre outros, os surpreendentes “Aquilo que eu não fiz”, “Morena” e “Maria”, que podem ser ouvidos nas principais rádios nacionais.
2015 é um ano dedicado à apresentação ao vivo do mais recente álbum. Concertos onde não faltarão todos os grandes sucessos da sua carreira.

(in Facebook Oficial Tiago Bettencourt)

É entre ensaios para o mini-concerto, entrevistas e pausas para respirar que Tiago Bettencourt nos recebe, com um entusiasmo visível pela chegada deste dia tão especial. Bettencourt regressa aos álbuns com Do Princípio, disponível nas lojas desde esta segunda-feira, dia 26. O novo disco, sucessor do best of Acústico, conta com 12 temas originais e o som característico dos Mantha, que apesar de terem caído do nome continuam a fazer parte da banda. Ontem foi dia de showcase em Paço d’Arcos e o Espalha-Factos esteve lá, à conversa com o músico, para saber tudo sobre este ‘princípio’.
Do Princípio: desabafos e “coisas boas”
“O princípio é feliz”, diz Tiago Bettencourt na faixa 5 deste novo álbum. Mas porquê este título, Do Princípio? “Ando fixado nesta expressão desde que gravei um álbum chamado Tiago na Toca”, confessa ao Espalha-Factos, “no qual a Dalila Carmo declama um poema do Ramos Rosa, uma vez sem música e outra com música, e no meio diz: ‘do princípio’. E eu deixei na gravação porque gosto imenso da expressão, dá a ideia que traz coisas boas”. Para além disso, “é bom ouvir-me como se fosse a primeira vez, que é o que peço sem todos os álbuns, por isso não podia ter sido um nome melhor”, revela o músico.
Do Princípio já toca nas rádios nacionais desde o avanço do single zero, Aquilo Que Eu Não Fiz, cujo videoclip foi feito pelos próprios fãs de Tiago Bettencourt. Este tema, a par de O Povo Cantava, bem como temas como Eu Esperei, gravado há mais tempo, indiciam um cunho mais explicitamente crítico – e político, talvez – oferecido às suas canções: “É como qualquer coisa que te inquieta. Escrevi o ‘Aquilo Que Eu Não Fiz’ quando tinha acabado de passar um recibo verde e fiquei muito revoltado com o que me tiraram…. São coisas assim simples, que de repente te fazem pensar”.

O músico fala em “falta de honestidade”, também em músicas como Labirinto, Amanhã ou Amor Maior, não envolvendo necessariamente questões políticas. Contudo, esta crítica está bem patente desde a primeira música que lançou em toda a sua vida, Fome de Mais: “falava, na altura, de um vazio que eu sentia um bocado à minha volta na minha geração”. São músicas que têm vindo a aparecer ao longo de toda a sua carreira, “se calhar um bocadinho mais metafóricas – se calhar estou a escrever de uma maneira um bocado mais direta e percebe-se mais”, acrescenta.
“Todas as minhas músicas são isso. Há umas que são sobre amor e outras que são sobre fraqueza humana”, conta-nos Tiago. Cada canção é como se tivesse uma história por trás e um significado muito próprio para o músico. A inspiração vem do que se passa à sua volta – e a ideia não é acrescentar uma solução, “é só um grito, um desabafo”. Do Princípio é também esta busca de algo mais, de acrescentar algo através da música.
Ao vivo pela primeira vez
Os Mantha, João Lencastre e Tiago Maia, bem como a colaboração permanente neste Do Princípio, Kid Gomez, estiveram presentes no showcase em Paço d’Arcos, porque “não fazia sentido fazer novas versões das músicas do álbum” para esta primeira apresentação das novas canções ao vivo. Apesar da ausência de Mário Laginha e Jaques Morelenbaum, que também colaboram no novo álbum, os quatro elementos empenharam-se para transformar os temas em palco. E não só foi a sua primeira vez ao vivo para os presentes no Auditório Luiz de Vasconcelos, no edifício do grupo Impresa, como também para todos os fãs que acompanharam em direto na internet.

Morena é o primeiro single, que está agora a servir de promoção a um álbum no qual os Mantha não só tocam, como também fazem back vocals. Tinha por isso de fazer parte da setlist deste pequeno showcase, a par de Aquilo Que Eu Não Fiz. A estas juntaram-se, perante um auditório recheado de fãs e curiosos, Maria, Sol de Março, Do Princípio, Aproxima-te Então e Sara, todas elas com uma sonoridade muito particular quando tocadas ao vivo, neste “laboratório” em que Tiago e companhia puderam testar a reação do público – e a memória das letras mais longas.
Tiago Bettencourt está quase a atingir os 100 mil fãs no Facebook e, quando isso acontecer, promete pensar na nossa ideia de fazer um novo concerto no Coliseu dos Recreios como o do ano passado, no qual cantava de costas para o Coliseu e a plateia ocupava o palco: “esse concerto foi muito giro e tivemos pena de fazer só um”, partilhou. Quanto aos concertos que estão programados para os próximos tempos, o primeiro é já no próximo sábado, em Famalicão: “vai ser o primeiro concerto em que vamos tocar músicas novas”.
Uma aventura de 11 anos na música
O Tiago dos Toranja e da Carta completa já 11 anos de carreira, numa aventura em que já foi também Tiago na Toca e Tiago do Acústico. “Aconteceu-me uma coisa que não acontece a muita gente, que é poder mostrar o meu trabalho desde que o comecei”, refere. Desde esses primeiros passos na música que o conhecemos: “Todo o meu crescimento musical foi público. Isso é uma coisa engraçada”, diz-nos o músico. No início “não fazia a ideia do que era gravar um disco, ou do que era um arranjo – tinha uma bandinha e gravava”.

11 anos depois, no que tem sido “um percurso engraçado”, “ainda não me levo muito a sério”, revela, “e acho que isso é muito saudável para qualquer artista”. E, ao longo de todo este caminho, afirma ter crescido e tentado “ser o mais honesto possível com as coisas que faço”. Em Do Príncipio compõe, faz os arranjos e ainda é produtor, o que torna a sua ligação a este álbum ainda mais especial. “Há pessoas que ficam associadas ao primeiro álbum e acham que tudo o resto é igual. Mas adoro as pessoas que acompanharam desde o princípio e que continuam a acompanhar com atenção. Acho que são essas pessoas que no fundo me deixam continuar aqui a lançar discos”, acrescenta.
Num “grito um bocado utópico”, o músico pede, a cada novo álbum, para estes serem ouvidos com atenção, porque “estamos numa altura em que as pessoas se desabituaram de ouvir álbuns. Só as pessoas mesmo interessadas, que param para ouvir e vão à procura do resto, é que ouvem mais do que os singles. Do Princípio também chama um bocado a isso”, revela. “É como lançar um livro: tu não queres que as pessoas leiam só um capítulo do livro, queres que leiam tudo”. E sendo música portuguesa, e da boa, o apelo assenta sempre bem.
A propósito da inspiração para a música, Tiago Bettencourt confessa-nos algo que espelha bem a sua visão destes mais de dez anos de carreira: “Há sempre uma altura na vida em que as pessoas vão escrever sobre qualquer coisa. Eu simplesmente tenho a sorte de poder transformar isso em canções e lançá-las cá para fora”. A sorte também é nossa. A entrevista acaba, o showcase acaba, o álbum acaba. E pedimos: “Do princípio”. E voltamos a viver aquele bocadinho.

(in musicaovivopt.com)