Partimos e chegámos em 13.º lugar. Mas a classificação exactamente a meio da tabela não significa que tenhamos marcado passo em mais uma edição do Festival Eurovisão da Canção.
Desta feita, na Sérvia, conseguimos o apuramento para a final. O que já é mais do que pudemos dizer nos últimos cinco anos.
A culpa foi da qualidade épica de Senhora do Mar, canção defendida pela voz possante de Vânia Fernandes, naquela que foi a melhor apresentação cénica de um tema nacional num certame do género.
Porém, não tenhamos ilusões, por muito que fossemos elogiados como sérios favoritos ao trono, nestas coisas das cantorias europeias há ainda grandes doses de estratégias geo-políticas e diplomacias várias, com países vizinhos territoriais e culturais a votarem uns nos outros, destacando-se os compadrios a Leste, a Norte e no universo ex-URSS.
Neste registo de palminhas mútuas nas costas, por estarmos na cauda da Europa (isto para não sermos mais gráficos), só mesmo os países marcados pela epopeia emigrante portuguesa souberam dar o devido valor à nossa proposta sonora, cuja força terá chegado a arrepiar o espectador, fruto daquele orgulho a verde e vermelho que a selecção de futebol tão bem encarna.
A nossa Senhora do Mar não merecia ser comparada com shakiras (Arménia), britney spears (Grécia), joss stones (Noruega) céline dions (Polónia) spice girls (Alemanha) e outras tentações carnais (Ucrânia e Suécia).
Em palco desfilaram ainda anjos e demónios (Azerbeijão), almas rockeiras (Turquia), trupes nonsense (Bósnia Herzegovina, França, Letónia e Espanha) e uma espécie de Gotan Project meets Buena Vista Social Club (Croácia).
Venceu a Rússia, com um tema pop à Savage Garden, e um jovem que ali bisava a sua sorte. Ao menos não desafina, como outros.
25/05/2008