Excerto da
Biografia do Quim Barreiros
…O início dos anos 80 vai encontrar Quim Barreiros a frequentar ainda esse enorme, embora difícil, circuito da emigração enquanto dá concertos e anima bailaricos pelas feiras e romarias de Portugal. Porque, diz, “era muito mais lucrativo fazer as festas dos emigrantes. Eu alugava um furgão e lá ia com o Trio e os instrumentos de cidade em cidade. Quando estávamos nos Estados Unidos aproveitávamos e também íamos às Caraíbas, às Antilhas Holandesas, a todo o sítio onde houvesse emigrantes portugueses. E na Europa era a mesma coisa: batíamos França, Alemanha, Luxemburgo, Suíça, Holanda…”. Em 1981 é editado o álbum Dance com Quim Barreiros e o seu Super-Trio, onde havia versões de temas populares – e muitos deles com um inusitado ritmo disco-sound – como “Canção do Beijinho”, “Amanhã de Manhã” ou “Eu Tenho Dois Amores”.
Mas é também no início dessa década que Quim Barreiros vê a sua música – que até aí era essencialmente e intrinsecamente de inspiração portuguesa – abrigar um outro género, este de origem brasileira: o forró. É ele que nos conta a história: “O facto de usar muitos temas brasileiros, de compositores de forró, deve-se a eu muitas vezes estar em digressão e, quando estou em digressão, não tenho tempo para compor: Uma vez estava no Rio de Janeiro com a minha mulher, no Barril 1800 – um restaurante de um casal nosso amigo, português, na Praia de Ipanema – e o Luís Gonzaga, que é considerado o maior acordeonista brasileiro de sempre, ouviu-me tocar e disse-me: “Você tem que ir ao Nordeste brasileiro, que os sanfoneiros de lá têm uma música que é muito parecida com essa que você toca”. E é verdade: eu fui até lá, fiz amizade com gente do forró e de outros géneros nordestinos, e aquela música tem tudo a ver com a nossa música portuguesa”. A partir daí, muitos dos mais afamados compositores de forró começaram a enviar as suas composições para Quim Barreiros, que as adaptasse – “dou-lhes um ritmo mais português”, diz – e as tornasse suas. O primeiro (e enorme) êxito de Quim Barreiros importado do Brasil foi “Bacalhau à Portuguesa”, editado em 1986, no mesmo álbum em que também apareciam outros clássicos como “Curso de Dactilografia”, “Comprar sem Poder” ou “Picada de Enfermeiro”. Entre os compositores e sanfoneiros brasileiros mais usados por Quim Barreiros contam-se Zenilton (autor de “Bacalhau a Portuguesa” e “O Grilinho”, entre outros), Amazan (autor de “A Cabritinha”) ou Edmar Neves / Jairo Góis (“A Garagem da Vizinha”).
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